São Paulo - Abadá e repelente são a mistura aconselhada para quem vai curtir o carnaval na Bahia. A dengue baiana já contaminou 21 moradores da capital paulista, apenas em janeiro, e esse Estado é onde mais paulistanos adoeceram. A preocupação dos especialistas é que os turistas voltem dos trios elétricos, cordões e blocos baianos infectados e disseminem a doença em toda São Paulo. A Secretaria de Saúde da Bahia já confirmou seis mortes pela doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, quatro delas em Porto Seguro, uma das mais lotadas nos dias de folia.
A região sul baiana é a mais acometida pelas infecções. Na cidade de Itabuna, a 429 quilômetros de Salvador, foi decretado ontem estado de emergência por causa da dengue. No total, a Secretaria de Saúde informa que são 6.567 notificações de dengue - entram na conta casos suspeitos também que podem não ser confirmados - o que representa um aumento de 153% com relação ao mesmo período do ano passado. A forma mais grave da doença, chamada de hemorrágica, já contaminou 64 baianos.
Em São Paulo, as estatísticas são só de casos confirmados e mostram que no último mês, 52 paulistas adoeceram, contra 501em janeiro de 2008. Na capital, três moradores de Itaquera, bairro da zona leste, são os únicos que já entraram para os dados oficiais da dengue. Mas, como alertou o secretário Estadual de Saúde de SP, Luiz Roberto Barradas Barata, com a aproximação do feriado prolongado, os riscos de contaminação aumentam, já que uma pessoa pode adoecer em outro Estado, voltar para São Paulo, ser picada pelo Aedes, que passa a transmitir a doença no Estado.
Juvêncio Furtado, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, alerta que para o viajante que tem como destino uma região alarmada pela dengue, a única maneira preventiva é evitar o mosquito, com o uso de repelentes (para quem não é alérgico) e mosqueteiros. "Lembrando que os sintomas da doença costumam aparecer, em média, 10 dias após a picada do mosquito", explica Furtado. "Isso significa que quem ficar doente no carnaval da Bahia, por exemplo, só vai ter febre, dor de cabeça e eventualmente manchas vermelhas no corpo já em São Paulo. Daí, a procura do médico deve ser imediata."
Criadouros
A médica epidemiologista da Vigilância Sanitária Municipal de São Paulo, Vivian Ailt Cardoso, uma das responsáveis pela política de combate à dengue do município, informa que a maneira mais eficiente para eliminar a doença é combater os criadouros. São os vasos, piscinas, pneus e caixas d'água que costumam acumular água, ambiente preferido para a proliferação das larvas. "O combate tem de ser diário e constante, como escovar os dentes." Vivian afirma que para o período de carnaval, uma estratégia de contenção de casos foi montada, com o foco para quem vai viajar para todos os locais, não só na Bahia. "Nossos agentes estarão em todos as rodoviárias, aeroportos, alertando sobre os sintomas da doença ensinando como evitar os criadouros", garante. As informações são do Jornal da Tarde.
AE